
O outro, que nem era espanhol e que descobriu o lado do mundo onde, 500 anos depois, o poder viria a ser entregue a um macaco, mais que uma vez e de enfiada, encarnou há uns anos sob a forma de centro comercial e, aos fins-de-semana, tem mais gente que Fátima (que, desde então, só é a maior lojinha do país aos dias 13).
Tive tanto medo, porra, eu que nem sabia o que era claustrofobia até ao dia em que uma senhora-mamute, (pelo peso, pelo cabelo e sobretudo pelo cheiro), se agarrou a mim num daqueles elevadores pré históricos dos prédios da Avenida da Liberdade, depois daquilo ter parado porque ela, na sua elegância, encostou uma banhoca aos botões todos. Medo de andar misturado naquela multidão de gente empenhada em consumir montras sem comprar absolutamente nada, "porque a crise anda aí", famílias que acabam por gastar 50 euros no McDonalds pra alimentar a manada de filhos gordos, de fato-de-treino e boné, quais mitras /bimbos /basofes /matarruanos, embrionários. Primeiro temi que aquilo fosse, sei lá, uma epidemia, tipo a da Júlia Pinheiro ou do Luís Goucha com os seus programas da manhã, que é uma espécie de micose cerebral que incha as glândulas da ignorância, afectando a emotividade racional das pessoas e que, até ver, só afecta velhos, donas de casa, pitas estúpidas e putos paneleiros. Ainda demorei uns bons 5 minutos a concluir que aquela massa de gente não era vítima de nenhuma peste-dos-supermercados, mas sim uma raça de primatas diferente da minha, um ramo evolutivo diferente, mais primitivo. A certa altura comecei a perder o receio, não porque tivesse comprado um boné mitra ou porque tivesse decidido encher o bandulho no Mc, tornando-me dessa forma mais parecido a nível físico e comportamental com os demais e, consequentemente, mais de acordo com meio, mas porque comecei a notar que a minha presença como estranho começava a ser tolerada pela comunidade, qual Dian Fossey no meio dos Gorilas. Ganhei então coragem pra entrar numa das suas tocas, uma em que se vendiam sapatilhas, agarrar no primeiro 46 que encontrasse nos pares expostos na montra, para evitar o diálogo com o dono do sítio, "-Ah, tem 46 destas?", "-Deixe-me ir ver, (...), não, dessas não", "- E destas?", "- Deixe-me ir ver, (...),não, dessas também não", "- Tem o 46 de alguma coisa?", "- Deixe-me ir ver, (...), não", "-Foda-se", deixar no balcão a quantia exacta para pagar os chanatos e sair, sem acelerar o passo, pra não chamar à atenção, mas exactamente com a mesma sensação que um gajo tinha quando era puto e passava por um cão que não ladrava, mas que ficava a olhar pra nós com olhos de quem nos arrancava uma nalgazinha só mesmo pra fazer o gosto ao dente, o que pode ser um problema, porque quanto mais "normais" tentamos parecer, mais o nosso andar se assemelha ao de alguém que leve um ovo entre o fundo do trusse, (não sei como se escreve isto, mas cueca não tem tanta piada e ir ao dicionário dá trabalho), e as nozes. Lá voltei pra casa, não sem antes passar pelo Chimarrão, onde me enganaram, bem enganado, com uma bela cachopa de sotaque tipo novela, à entrada. Eles metem o topo de gama na porta, a malta entra toda contente, com o pensamento a nadar em testoesterona, "epá, gajas boas com espetos de carne a correr por entre as mesas" ,e lá atrás levamos com uma manada de brazucas mal dispostos e analfabetos, com facas samurais e com tanto jeito pra cortar carne como a mulher-paquiderme para andar de elevador. Ainda anda aí quem diga mal dos ficam em casa ao domingo, a fermentar no sofá com os filmes do costume. p
Tive tanto medo, porra, eu que nem sabia o que era claustrofobia até ao dia em que uma senhora-mamute, (pelo peso, pelo cabelo e sobretudo pelo cheiro), se agarrou a mim num daqueles elevadores pré históricos dos prédios da Avenida da Liberdade, depois daquilo ter parado porque ela, na sua elegância, encostou uma banhoca aos botões todos. Medo de andar misturado naquela multidão de gente empenhada em consumir montras sem comprar absolutamente nada, "porque a crise anda aí", famílias que acabam por gastar 50 euros no McDonalds pra alimentar a manada de filhos gordos, de fato-de-treino e boné, quais mitras /bimbos /basofes /matarruanos, embrionários. Primeiro temi que aquilo fosse, sei lá, uma epidemia, tipo a da Júlia Pinheiro ou do Luís Goucha com os seus programas da manhã, que é uma espécie de micose cerebral que incha as glândulas da ignorância, afectando a emotividade racional das pessoas e que, até ver, só afecta velhos, donas de casa, pitas estúpidas e putos paneleiros. Ainda demorei uns bons 5 minutos a concluir que aquela massa de gente não era vítima de nenhuma peste-dos-supermercados, mas sim uma raça de primatas diferente da minha, um ramo evolutivo diferente, mais primitivo. A certa altura comecei a perder o receio, não porque tivesse comprado um boné mitra ou porque tivesse decidido encher o bandulho no Mc, tornando-me dessa forma mais parecido a nível físico e comportamental com os demais e, consequentemente, mais de acordo com meio, mas porque comecei a notar que a minha presença como estranho começava a ser tolerada pela comunidade, qual Dian Fossey no meio dos Gorilas. Ganhei então coragem pra entrar numa das suas tocas, uma em que se vendiam sapatilhas, agarrar no primeiro 46 que encontrasse nos pares expostos na montra, para evitar o diálogo com o dono do sítio, "-Ah, tem 46 destas?", "-Deixe-me ir ver, (...), não, dessas não", "- E destas?", "- Deixe-me ir ver, (...),não, dessas também não", "- Tem o 46 de alguma coisa?", "- Deixe-me ir ver, (...), não", "-Foda-se", deixar no balcão a quantia exacta para pagar os chanatos e sair, sem acelerar o passo, pra não chamar à atenção, mas exactamente com a mesma sensação que um gajo tinha quando era puto e passava por um cão que não ladrava, mas que ficava a olhar pra nós com olhos de quem nos arrancava uma nalgazinha só mesmo pra fazer o gosto ao dente, o que pode ser um problema, porque quanto mais "normais" tentamos parecer, mais o nosso andar se assemelha ao de alguém que leve um ovo entre o fundo do trusse, (não sei como se escreve isto, mas cueca não tem tanta piada e ir ao dicionário dá trabalho), e as nozes. Lá voltei pra casa, não sem antes passar pelo Chimarrão, onde me enganaram, bem enganado, com uma bela cachopa de sotaque tipo novela, à entrada. Eles metem o topo de gama na porta, a malta entra toda contente, com o pensamento a nadar em testoesterona, "epá, gajas boas com espetos de carne a correr por entre as mesas" ,e lá atrás levamos com uma manada de brazucas mal dispostos e analfabetos, com facas samurais e com tanto jeito pra cortar carne como a mulher-paquiderme para andar de elevador. Ainda anda aí quem diga mal dos ficam em casa ao domingo, a fermentar no sofá com os filmes do costume. p
4 comentários:
hehhehe É o "estado do Mundo"... :P
LOool
Glandulas de ignorancia...amei =D
obrigada pela força, ver s e desta k arranca;)
mas para ti digo o mesmo, continua!!!:)
vou passando por aqui;)
beijinhossss
:D
um texto leve, mas cheio de criatividade e humor.
fiquei a saber o que me espera em lisboa... quer dizer, não que já não soubesse, foi mais uma confirmação! ;)
muita força e estaleca para amanhã. vais conseguir!
Beijinho*
Sô Zé, vou arranjar uma copia ai para o pio. Dp voces partilham isso, olha e até podemos passar ai no cinepias!
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