11.1.09

Crónica sobre coisas confusas (e que desafiam certezas)

Estou confuso demais para escrever. Vou, por isso, limitar-me a desordenar palavras que por um ou outro motivo me têm vindo a assaltar de há umas horas para cá.
Desconfio da solidez de quase tudo, desconfio da solidez da casa onde moro, do passeio onde ando, do céu que me adorna a cabeça, do nó que fiz nas botas, do passo da vizinha e da trela do cãozito que ela passeia, desconfio da solidez da luz da minha secretária, das linhas que desenho pelas madrugadas sem sono, das minhas palavras de certeza e das palavras de certeza dos outros.
Desconfio também que a arte da vida reside no poder de desafiar palavras confusas com certezas fundadas em nada que não sejamos nós próprios. A decisão implícita na escolha nunca é feita de certezas cheias, é feita de convicções mais ou menos confusas que partem sobretudo daquilo que desejamos. Eu tenho a certeza que não quero confundir nada, mas também estou convicto de que, confusas ou não, há coisas que merecem ser certas, para crescerem sólidas, todos os dias.

1 comentário:

j. disse...

'zézinho', escreves tão bem! os últimos posts estão fantásticos!
beijinho di Cabo Verdi*

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